Quem tem interesse em investir ou trabalhar no mercado de ações já deve ter ouvido falar do termo payout. Trata-se da porcentagem do lucro de uma empresa que será distribuída aos acionistas por meio de dividendos ou juros sobre capital próprio.

Ou seja, o payout é um componente fundamental quando falamos da política de dividendos das organizações, influenciando diretamente a tomada de decisões empresariais e as estratégias de investimentos.

Para introduzirmos o assunto a quem não tem tanta familiaridade com os termos do mercado financeiro, trazemos, abaixo, um bate-papo com o professor de finanças e coordenador de cursos do LABFIN.PROVAR – FIA, Marcos Piellusch.

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O que é payout e de que modo ele interfere na tomada de decisões empresariais?

O payout é a fatia do lucro da empresa que é distribuída aos acionistas por meio de dividendos ou juros sobre capital próprio, que são as duas formas de remuneração em dinheiro pela posse de ações.

Se o payout é de 30%, por exemplo, significa que 30% do lucro será pago aos acionistas, enquanto os outros 70% permanecerão na empresa para reinvestir em novos projetos e crescimento da empresa.

Se a empresa decide pagar uma proporção elevada dos lucros (um payout elevado), significa que não investirá tanto na expansão das atividades. Por outro lado, se decide expandir a atividade da empresa, comprar outras empresas ou realizar novos projetos, geralmente terá um payout mais baixo, retendo uma parcela maior do lucro para investir.

Quais fatores são levados em conta pelas empresas para a definição de suas políticas de payout?

Em primeiro lugar, devem ser observadas as regras definidas pela lei das SAs e pelo estatuto da empresa. Todas as empresas com ações negociadas em bolsas de valores têm dividendos mínimos que devem ser distribuídos, conforme o estatuto de cada uma delas. Isso significa que o payout mínimo está definido nesse documento, sendo que para a maior parte das empresas a proporção mínima é de 25%.

Além disso, há a questão do crescimento e investimento, pois empresas que estão crescendo, geralmente, vão pagar uma menor parte do lucro para os acionistas.

Em momentos de crescimento econômico, é normal que as empresas distribuam menos dividendos, pois têm menores oportunidades para investir. Quando as taxas de juros estão mais baixas, incentivando esses investimentos, também é esperado que as empresas paguem menos dividendos para investir na atividade.

Por fim, há também a questão da estrutura de capital, ou seja, da parcela de recursos que vem de terceiros e dos acionistas. Os lucros são recursos devidos aos acionistas, ainda que a empresa decida retê-los. Assim, se uma empresa decide não distribuir o lucro (reduzindo o payout), significa que aquele resultado, que deveria ser pago aos acionistas, permanece na empresa, sendo investido na expansão da atividade. É como se os acionistas estivessem aumentando seu investimento na empresa, abrindo mão de parte do lucro para investir.

Para que a atividade seja viável, é importante que haja certo equilíbrio entre as fontes dos acionistas e as fontes de terceiros. Então, muitas vezes, quando a empresa já tem uma parcela muito grande de capital dos acionistas (com muitos lucros retidos), pode decidir abrir mão de uma parte maior desse lucro, captando os recursos necessários junto a terceiros (bancos, emissão de debêntures e outros).


Quais profissionais são envolvidos na determinação do payout de uma empresa?

A direção da empresa exerce papel importante nessa decisão. Porém, o conselho de administração, o conselho fiscal e também a área financeira auxiliam nesse processo decisório.

Por fim, quando há necessidade de alteração nas políticas de payout (dividendos e juros sobre capital), pode ser convocada uma assembleia de acionistas, para que todos decidam por meio de votação.

Quais as principais diferenças entre payout e dividend yield? Como eles se interligam na política de dividendos das empresas?

Enquanto o payout representa a fatia do lucro que é distribuída (Dividendo por ação / lucro por ação), o dividend yield representa a porcentagem de ganho em relação ao preço da ação (dividendo por ação/preço da ação).

Por exemplo, se uma empresa tem lucro por ação de R$ 3,00, paga 1,50 em dividendos por ação, e cada ação tem preço de R$ 15,00, então o payout será: 1,50 / 3,00 = 50%; já o dividend yield será: 1,50 / 15 = 10%.

A decisão do investidor por empresas que têm maior ou menor payout e dividend yield depende da estratégia de investimento. Para aqueles que desejam ter um ganho constante e por um longo período, recomenda-se escolher empresas com alto payout e dividend yield.

As estratégias do investidor Luiz Barsi, que se tornou famoso pelo fato de ser o maior investidor pessoa física da bolsa brasileira, e de sua filha Louise Barsi, seguem esse caminho, selecionando empresas com alta remuneração com dividendos.

Já aqueles investidores que desejam se beneficiar com a valorização das ações, em geral, escolhem empresas com alto potencial de crescimento, mas que não devem pagar um valor tão alto em dividendos, ou seja, terão um payout e dividend yield menores.

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