Gestão financeira é a atividade que se dedica a adotar medidas para utilizar melhor os recursos financeiros da empresa e, assim, ajudá-la a atingir seus objetivos – sendo que um desses objetivos, em geral, é aumentar sua lucratividade. Para isso, ela conta com técnicas, ferramentas e procedimentos específicos.
Apesar do papel estratégico que a gestão financeira desempenha dentro do negócio, muitos empresários não entendem essa atividade e ela nem sempre é executada da maneira certa. Infelizmente, esse é um erro que pode levar a empresa a fechar suas portas.
Nesse artigo, vamos apresentar as informações mais importantes sobre gestão financeira. Assim, você poderá desenvolver uma base de conhecimentos essenciais para começar a aplicar essa atividade no seu negócio.
Importância da gestão financeira
Alguns empresários acreditam que, se a empresa chega ao final do mês com dinheiro em caixa, isso significa que as finanças estão saudáveis. Infelizmente, não é tão simples assim. Nem mesmo o lucro, se avaliado sozinho, é uma medida suficiente do desempenho financeiro da empresa.
Lembre-se de que o objetivo da gestão financeira é utilizar da melhor maneira possível os recursos financeiros disponíveis. Por meio dessa atividade, você pode identificar saídas excessivas e desnecessárias de dinheiro, ou descobrir potenciais oportunidades de receita que não estão ainda sendo aproveitadas.
Essas informações não são abertamente visíveis e, em muitos casos, nem tão fáceis de interpretar. Daí a necessidade de um profissional capacitado para realizar essa atividade.
Com uma gestão financeira eficiente, é possível:
- avaliar se o desempenho financeiro da empresa está realmente adequado;
- reconhecer onde estão os problemas e as oportunidades
- desenvolver soluções de melhoria;
- executar essas soluções de forma organizada.
Além disso, não podemos deixar de comentar a importância da gestão financeira para realizar um controle adequado das finanças.
Nenhuma das ações mencionadas anteriormente pode ser realizada sem informação; e, para ter informação, é preciso adotar controles. É preciso registrar as transações financeiras e elaborar relatórios.
Houve uma época em que realizar esses registros era um trabalho demorado. Agora, contamos com tecnologias que torna esse processo mais fácil. Justamente por isso, a expectativa é de um controle cada vez mais preciso.
Atividades da gestão financeira
No item anterior, exploramos um pouco as atividades da gestão financeira. Vamos recapitular:
- registrar as transações financeiras;
- elaborar relatórios;
- avaliar o desempenho da empresa;
- reconhecer problemas e oportunidades;
- desenvolver soluções;
- executar as soluções.
Para realizar essas atividades, é preciso ter um sólido conhecimento teórico sobre finanças. Afinal, será preciso lidar com conceitos bastante específicos, desde Fluxo de Caixa até margem de contribuição.
Além disso, são necessárias habilidades gerais relevantes, como capacidade analítica e criatividade para a resolução de problemas.
Não se esqueça de que existem ferramentas que ajudam na realização dessas atividades. Por exemplo, com um software de gestão financeira, é possível automatizar o registro das transações e a elaboração dos relatórios.
Aos poucos, as ferramentas digitais automatizam as atividades mais “braçais” da gestão financeira. Com isso, o profissional da área ganha tempo para se dedicar às atividades mais intelectuais, aquelas que têm alta complexidade e requerem habilidades refinadas.
Antes de encerrar esse tópico, também é importante mencionar que as atividades da gestão financeira não são desenvolvidas em completo isolamento. Como já foi dito anteriormente, ela ocupa um papel estratégico no negócio; e tudo que é estratégico precisa ser feito em colaboração com outras áreas.
Uma análise que olhe para as finanças da empresa considerando apenas os números pode levar a decisões equivocadas. Para evitar esse problema, os responsáveis pela gestão financeira precisam manter uma comunicação próxima com os responsáveis pelas áreas comercial, de marketing, de produção e de logística, por exemplo.
Mas então, o que um gestor financeiro faz? Ele é o responsável por reunir as informações disponíveis sobre as finanças da empresa e dialoga com gestores de outras áreas para entender as necessidades, dificuldades e possibilidades presentes em cada uma delas.
Efeitos da má gestão financeira
O que acontece quando a gestão financeira do negócio não é conduzida adequadamente? O pior cenário é levar a empresa a fechar portas. Porém, muitas coisas acontecem antes disso.
Primeiro, o uso desregrado dos recursos financeiros. Isso significa que a empresa pode não ter recursos disponíveis para o que realmente importa porque destinou uma grande quantidade a gastos supérfluos.
Parte do trabalho da gestão financeira é reconhecer o que realmente importa e o que é supérfluo. Para realizar esse trabalho, deve analisar, entre outras coisas, o potencial de retorno de cada investimento. Naturalmente, está envolvido um alto grau de entendimento do funcionamento do negócio.
Por exemplo, gastar R$10.000 por mês em anúncios digitais é supérfluo? Isso só pode ser respondido depois de analisar quantas vendas esses anúncios estão gerando. Cortar só porque parece demais pode acabar levando a empresa a perder sua principal fonte de vendas.
Segundo, o endividamento. No momento em que a empresa não tem mais recursos disponíveis para cobrir os gastos mais importantes, a alternativa mais óbvia (embora nem sempre a correta) é fazer um empréstimo. Assim, a empresa assume uma dívida que coloca mais peso no seu orçamento.
Pegar um empréstimo, em si, não é necessariamente uma decisão ruim. O problema é quando a decisão parte de uma má gestão financeira. Isso indica que, provavelmente, existiriam outras alternativas com um melhor custo-benefício, que não foram analisadas.
Em terceiro lugar, restrições. Com o endividamento, a empresa pode encontrar restrições práticas que dificultam o andamento das suas operações. Por exemplo, alguns fornecedores retiram condições de forma e prazo de pagamento facilitados devido ao maior risco de inadimplência.
O próprio banco também pode colocar restrições, em relação às opções de crédito disponíveis para sua empresa. Ou seja, quanto mais a empresa está com problemas financeiros e mais precisa de crédito, piores serão as condições disponíveis.
Quarto, perda de parcerias. Parcerias entre empresas são uma rica fonte de oportunidades de negócios. Porém, é muito difícil encontrar parceiros quando o nome da sua empresa está “sujo na praça”.
Em alguns casos, não são apenas os parceiros que se afastam. Sócios e investidores também podem deixar a empresa quando há sinais de que o negócio pode quebrar. Até mesmo os clientes podem detectar a situação e começar a procurar por outras empresas para fechar negócios, inclusive seus concorrentes.
Se esse cenário já parece ruim, considere também que as finanças tendem a formar uma bola de neve. Desta maneira, o que pode começar como uma pequena dívida rapidamente cresce para se tornar uma obrigação financeira maior do que a capacidade da empresa para pagar.
Quando esse cenário se instaura, revertê-lo é muito mais difícil do que manter as finanças em ordem desde o começo. Por isso, quanto antes a empresa investe no desenvolvimento de uma boa gestão financeira, melhor.
Relatórios básicos para a gestão financeira
Relatórios são especialmente importantes para uma gestão financeira eficiente, como já vimos. Existem muitos modelos de relatórios, mas três são básicos: o fluxo de caixa, a demonstração de resultados do exercício e o balanço patrimonial.
O primeiro é o fluxo de caixa. Trata-se do fluxo de entradas e saídas de dinheiro do caixa da empresa. É um controle que permite saber exatamente quanto dinheiro estará disponível em caixa em uma data futura e, assim, planejar melhor os gastos para evitar “cair no vermelho”. Esse é o relatório que requer acompanhamento mais frequente; em geral, ele é atualizado diariamente.
O segundo é a demonstração de resultados do exercício, ou DRE. Como o nome diz, ele apresenta o resultado, ou seja, revela se a empresa teve lucro ou prejuízo em um determinado período (anual, trimestral, algumas empresas adotam até mensalmente). E, como ele apresenta um detalhamento das finanças, você não apenas enxerga o resultado como também identifica suas causas.
O terceiro é o balanço patrimonial, que revela os ativos e passivos da empresa. Esse é particularmente importante para avaliar se a empresa tem ativos suficientes para cobrir seus passivos; em outras palavras, se ela tem condições de cumprir com suas obrigações financeiras. Quando os passivos superam os ativos, a empresa está insolvente, incapaz de pagar suas dívidas.
Conforme a empresa cresce, esses relatórios tornam-se ainda mais necessários. Por exemplo, se você quiser buscar investidores para o seu negócio, eles vão pedir que você apresente esses relatórios para avaliar a saúde financeira da empresa e decidir se é seguro aplicar capital nela. Mesmo depois de conseguir os investidores, é preciso continuar apresentando esses relatórios para que eles consigam acompanhar o que está acontecendo com o dinheiro que investiram.
E as empresas pequenas, que não têm investidores? Elas também precisam apresentar esses relatórios para alguém fora da organização: as autoridades fiscais. Perceba, portanto, que eles não são apenas uma ferramenta interna de gestão, mas uma ferramenta externa de transparência e relacionamento.
Dicas para entender e executar melhor a gestão financeira
O que você precisa para uma boa gestão financeira? Veja algumas dicas práticas!
1. Aprimoramento profissional
Se você é um profissional da área, precisa trabalhar no seu próprio aprimoramento.
Realizar um curso de pós-graduação em Gestão Financeira, como uma especialização ou um MBA em Finanças, vai ajudá-lo a construir uma base de conhecimentos sólida por meio da interação com os professores e os colegas, bem como a realização de atividades condizentes com dilemas reais.
A escolha do curso deve ser consciente. Afinal, você se compromete com o curso de pós-graduação durante um extenso período e faz um investimento significativo nessa formação. Entre os critérios mais importantes, estão:
- reputação da instituição de ensino;
- qualidade da grade curricular;
- perfil do corpo docente;
- oportunidades de experiência internacional.
Mesmo depois do curso, o aprendizado não termina. Para se manter atualizado, leia o máximo possível, participe de eventos e troque experiências com outros profissionais.
2. Formação da equipe de gestão financeira
Para quem é empresário, as alternativas incluem assumir pessoalmente a gestão financeira do seu negócio, ou formar uma equipe capacitada para essa tarefa.
Não existe uma fórmula para tomar essa decisão, você deve analisar objetivamente sua própria capacidade e o tamanho do desafio. Lembre-se de que não existe nada de errado em delegar. De fato, essa é uma das habilidades empreendedoras mais cruciais.
Ao escolher assumir a gestão financeira da empresa pessoalmente, você deve tomar as mesmas medidas que qualquer profissional da área para o seu aprimoramento. Enquanto isso, ao escolher delegar a uma equipe, o cuidado está na escolha dos colaboradores com o perfil certo para a tarefa.
Para as atividades que esses colaboradores vão desempenhar, como já foi mencionado, algumas das habilidades necessárias são capacidade analítica e criatividade para a resolução de problemas. Organização, atenção aos detalhes, foco em metas e inteligência emocional para trabalhar sob pressão são outras características que você vai querer nessa equipe.
3. Escolha e domínio das ferramentas
A escolha das ferramentas que serão adotadas para a gestão financeira na empresa também é uma questão que merece atenção. Existem muitos softwares disponíveis no mercado. Alguns deles podem não ter todas as funcionalidades que você espera, enquanto outros apresentam mais funcionalidades do que é preciso.
A dica é fazer um levantamento de quais são as suas necessidades reais, e buscar a opção mais compatível. Testes e demonstrações são muito úteis para essa decisão.
Depois de escolher e implementar as ferramentas, é essencial aprender a utilizá-las. Por exemplo, você deve ser capaz de aplicar no dia a dia os softwares de gestão financeira, aproveitando todas as suas funcionalidades. As planilhas em Excel, por exemplo, continuam sendo muito adotadas pelas empresas no setor financeiro. Portanto, saber trabalhar com planilhas é outra habilidade útil.
4. Tratamento rigoroso das finanças
Uma dica que não pode faltar para a gestão financeira de qualquer negócio, independentemente do seu ramo de atuação ou porte, é tratar as finanças com rigor.
Em uma empresa menor, esse rigor pode dizer respeito a não misturar as finanças pessoais dos sócios ou do proprietário com as finanças do negócio. Misturar o dinheiro da empresa com o dinheiro das pessoas por trás dela causa uma série de problemas: mascara a situação real da empresa, prejudica os controles e as decisões e pode até causar erros fiscais.
Em uma empresa maior, o rigor pode estar relacionado com um controle atento dos gastos dos colaboradores, como restaurantes, viagens e contas de telefone. Se a empresa paga por esses gastos ou faz o reembolso, é preciso tomar medidas para evitar que excessos não justificados tornem-se um calcanhar de Aquiles para as finanças.
Esses são apenas exemplos para demonstrar que, independentemente do tamanho do negócio, o tratamento rigoroso das finanças é necessário. Ele não deve se limitar apenas ao trabalho de quem está atuando diretamente na área de gestão financeira, pelo contrário, deve ser parte da cultura organizacional.
Em outras palavras, todos os membros da organização devem se comprometer com a responsabilidade em relação aos recursos financeiros. Afinal, se a empresa quebra, todos sofrem com as consequências.
Nesse artigo, você aprendeu as informações mais importantes sobre gestão financeira. Esse é um bom pontapé inicial para aplicá-la no seu negócio. De fato, se você ainda não tem uma prática consistente de gestão no setor de finanças, é importante começar o quanto antes, para evitar possíveis complicações que serão mais difíceis de reverter depois.
Porém, não se esqueça de que esse artigo é apenas isso, um pontapé inicial. Existe muito mais para aprender sobre gestão financeira, e sobre como desempenhar essa atividade de maneira estratégica para ajudar a empresa a atingir seus objetivos.
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