Para quem é iniciante na área de finanças, dominar os termos do mercado financeiro pode parecer uma tarefa árdua e inalcançável num primeiro momento. Mas, na prática, à medida que vamos aprendendo um pouco mais, passamos a olhar para eles de uma forma muito mais simples do que a princípio imaginávamos que eles seriam. Derivativos e hedge, por exemplo, são dois conceitos que podem assustar à primeira vista, mas que comprovam o que falamos anteriormente.

Para mostrar a você como esses dois termos se relacionam, convidamos o professor de finanças e coordenador de cursos do LABFIN.PROVAR – FIA Marcos Piellusch para colaborar conosco em mais um artigo voltado a iniciantes no mercado financeiro. Vamos à leitura?

Os derivativos são utilizados com quais principais propósitos?

Os derivativos são instrumentos financeiros cujos preços dependem do preço de outros ativos e são utilizados principalmente com dois objetivos. O primeiro é de proteção, e o segundo é de especulação.

A função de proteção, ou hedge, é exercida por empresas ou investidores que querem se proteger da variação de algum indicador ou preço. Por exemplo, suponha que uma empresa utilize milho na composição de seus produtos. Se o preço do milho sobe, o custo dessa empresa aumenta, então ela pode usar os derivativos para se proteger da variação do preço do milho, fazendo, por exemplo, um contrato de compra futura a um preço fixo. Se o milho subir de preço, ela tem o valor garantido no contrato, comprando o produto ao preço acordado.

Já a especulação é feita por investidores que querem apostar em uma movimentação do mercado. Então, usando o mesmo exemplo do milho, suponha que um investidor acredite que o preço desse produto irá subir. Ele compra também um contrato futuro de milho a um preço fixo. Se as expectativas se cumprirem, esse investidor irá lucrar com a alta do produto.

Outra característica importante é que os derivativos podem ser usados tanto para altas quanto para quedas do preço dos produtos. Assim, podem ser usados tanto para proteção quanto para especulação em caso de queda dos preços.

Para quem está começando a se aprofundar no mercado financeiro, quais são os derivativos indispensáveis para uma primeira aproximação do tema?

O primeiro derivativo a ser explorado são as opções, justamente pela característica de representar uma opção de compra ou de venda de um ativo. Nesse tipo de produto, o investidor paga um preço, chamado de prêmio, pela opção de comprar ou vender um ativo por um preço determinado.

Os valores envolvidos na compra de opções geralmente são baixos, permitindo uma aproximação gradual com o tema.

Porém, é necessário muita atenção. O primeiro passo é comprar opções, e nesse caso o investidor efetivamente paga um valor inicial e aguarda a movimentação do mercado. O pior que pode ocorrer é perder esse valor investido. Por esse motivo, obviamente não se deve investir um valor alto.

Pode-se, por exemplo, pagar um prêmio para adquirir opções de compra de uma ação a um determinado valor. Suponha que seja 20,00. O investidor terá, então, o direito (não a obrigação) de comprar a ação a esse preço. Se a ação subir de preço, o direito de comprar a ação vai se valorizar também. Então, o investidor pode exercer a opção (por exemplo, comprando a ação a 20,00, enquanto o preço de mercado é 22,00) ou vender a opção, lucrando com a diferença entre o valor pago e o valor vendido.

O alto risco desse tipo de operação é quando o investidor vende ou lança opções. Nesse caso, o investidor recebe um valor inicial, mas tem a obrigação de realizar a compra ou a venda a um preço determinado. Por isso, antes de lançar opções é recomendado ter algumas experiências com a compra de opções.

Esses papéis podem exercer o papel de proteger a carteira de ações do investidor, comprando opções de venda, por exemplo, que asseguram o preço de venda caso as ações tenham queda de preço. Nesse caso, o investidor está fazendo uma espécie de seguro das ações, pagando um valor para proteger o preço no caso de queda.

Mas podem também exercer o papel de especular, comprando opções de compra de ações, quando o investidor acredita que uma determinada ação pode se valorizar.

Depois de se acostumar com a compra de opções simples (ou opções secas, como chamamos no mercado), o investidor pode combinar diferentes opções, fazendo as chamadas estratégias, que consistem em juntar diferentes opções do mesmo papel com preços, volumes e prazos diferentes.


Podemos usar os termos “derivativos” e “hedge” como sinônimos?

Os derivativos servem para fazer hedge (proteção), mas servem também para especular. Então, nem todo derivativo consiste em um hedge.

Por outro lado, é possível fazer hedge sem o uso de derivativos, com os chamados hedges naturais.

Por exemplo, suponha que uma empresa exportadora corra o risco de se prejudicar com a queda do dólar, pois como suas vendas são em dólar, uma menor taxa de câmbio reduziria a receita da empresa em Real. Nesse caso ela pode contrair uma dívida em dólar, que tornaria também essa dívida mais barata no caso de menor taxa de câmbio, compensando o efeito da queda da receita.

Obviamente, a empresa deve pesar os valores da dívida e da receita, para equilibrar os efeitos nos casos de alta ou baixa.

Portanto, os termos não são sinônimos.

Quais devem ser os principais cuidados das empresas quanto ao uso de derivativos e às práticas de hedge?

Um dos principais cuidados está relacionado com o uso de derivativos para especulação. Como os riscos são altos, os derivativos podem levar a perdas muito elevadas.

Durante a crise de 2008, e recentemente com a alta na taxa de câmbio, muitas empresas tiveram perdas com o uso de derivativos em excesso, pois buscavam obter ganhos financeiros com a especulação.

Outro cuidado importante é avaliar o custo das operações, pois fazer uma proteção não é de graça, então é fundamental avaliar as diferentes alternativas de hedge e optar por aquela que oferece menos riscos e menor custo também.

Fonte: LABFIN.PROVAR – FIA

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