Todo começo de ano o assunto “material escolar” entra em pauta e as orientações de especialistas de como economizar nas compras são sempre bem-vindas.
Agora em janeiro. estudos alertam que a estimativa é que o aumento de preços ao consumidor, nas listas de material escolar de 2024, fique entre 7% e 9%, segundo matéria publicada na Revista Exame.
Marcos Piellusch, coordenador dos cursos de finanças da FIA – LABFIN.PROVAR, contribuiu como fonte especialista nesta publicação e falou sobre esse assunto do momento: Material escolar: veja o que não pode ser pedido e como economizar nas compras.
Leia a matéria na íntegra
A volta às aulas está próxima e com ela chega a época de comprar o material escolar. O momento é muito aguardado pelas crianças, eles se divertem na papelaria ao escolher a capa do caderno com seu personagem favorito ou as canetas com os mais diversos tipos de glitter. Apesar da felicidade dos filhos valer muito, o momento pode se tornar uma angústia para os pais, afinal, não deixa de ser uma despesa e é preciso equilíbrio para as compras não fugirem do controle.
O cenário piora quando se vê a alta nos preços dos itens da lista de material escolar. Segundo a Associação Brasileira de Fabricantes e Importadores de Artigos Escolares (ABFIAE), a estimativa é que o aumento de preços ao consumidor, nas listas de material escolar de 2024, fique entre 7% e 9%. “Os principais componentes que impactaram os preços foram os aumentos de custos de papel, de embalagens e de alguns produtos importados”, diz Sidnei Bergamaschi, presidente executivo da ABFIAE.
Estabeleça um orçamento
Tudo começa pelo planejamento. Uma boa compra precisa ter um objetivo pré-estabelecido, além de um limite de valor. No caso do material escolar, o especialista Marcos Piellusch, professor da FIA Business School, recomenda que antes de ir às compras, os responsáveis façam uma lista e estabeleçam um orçamento. Tudo o que foge do valor, pode ser cortado deixado para um próximo momento.
Ele também destaca que nesse caso, é fundamental ser transparente com a criança que as escolhas financeiras são importantes, explicando o por quê está optando por determinados produtos em vez de outros mais caros. “Envolva-a no processo de decisões para que ela entenda a importância de economizar”, explica.
Aproveite programas de cashback
Aline Soaper, educadora financeira, dá a dica para quem quer economizar: diversos bancos e lojas oferecem programas de cashback. Esses programas funcionam como uma espécie de desconto, já que a pessoa poderá receber uma parte do valor gasto de volta.
Comprando em marketplaces dentro dos aplicativos dos bancos, é possível também encontrar promoções e utilizar os pontos acumulados com compras no crédito – que muitas vezes as pessoas nem sabem que têm.
O Itaú, por exemplo, tem o programa de pontos Iupp, já o Santander tem o programa de pontos Esfera, enquanto o BTG Pactual (mesmo grupo controlador da EXAME), oferece o programa Livello e ainda o Esfera. A cada compra no crédito, o consumidor ganha pontos e, com esses pontos, pode trocar por produtos nos aplicativos – como material escolar.
Para Piellusch, uma dica preciosa é a de comprar no atacado. Reúna um grupo de pais e mães e vá às compras juntos. “Em alguns casos, comprar em quantidades maiores ou pacotes econômicos pode resultar em descontos significativos. Se for o caso, converse com outros pais para efetuar as compras em conjunto e dividir os custos. No caso de compras em grandes quantidades, é possível também negociar descontos.”
Faça uma pesquisa de preços
Se a fase é de aperto no orçamento, o melhor é abrir mão de produtos com marcas licenciadas e personagens, como orienta a educadora financeira. No lugar, a preferência tem que ser de materiais mais simples. “A diferença entre um material com personagens licenciados e outro que não tenha esse tipo de referência, por exemplo, pode chegar a 100% do valor”, afirma Soaper.
Além da diferença entre marcas, é necessário ficar de olho nas variações de valores do mesmo produto, mas em lugares diferentes. No Rio de Janeiro, o Programa de Proteção e Defesa ao Consumidor (Procon-RJ) analisou 157 itens escolares em 10 sites, e concluiu que a diferença de preços em alguns lugares ultrapassa 600%, como no caso da borracha branca, que foi encontrada uma variação foi de 639,13%:
Em São Paulo, a pesquisa do Procon-SP em sete sites de compras constatou que diferenças de preços entre um mesmo item chegaram a até 264%. A maior variação foi encontrada na caneta esferográfica 0,7 mm da Compactor, vendida por R$ 3,90 em um fornecedor e R$ 1,07 em outro.
Aline Soaper alerta que os pais têm o direito de fazer pesquisa de preços e escolher o que melhor atende ao orçamento da família. Sendo assim, a escola não pode exigir a compra de um produto de alguma marca ou loja específica. Para livros didáticos, há a exceção das escolas poderem escolher as editoras.
Reutilizar materiais do ano anterior pode ser uma saída quando o dinheiro está curto. Estojo, mochila e diversos itens de papelaria, como régua, compasso e canetas, muitas vezes duram mais do que um ano e utilizá-los novamente ao invés de descartá-los pode ser uma saída quando o dinheiro está curto, além de contribuir para o meio ambiente, como pontua a especialista Soaper.
Quando se trata de livros obrigatórios, segundo os especialistas, não há nenhuma legislação que impeça os pais de aproveitá-los, desde que sejam a mesma edição/volume do material adotado naquele ano (por exemplo, não é possível utilizar a edição 3ª, se a escola pede a 5ª) e que esteja em bom estado (isso inclui que o livro não tenha exercícios feitos a caneta, por exemplo, que não possam ser apagados).
“É possível que outras crianças tenham materiais em bom estado e que não serão utilizados no próximo ano. Promovendo encontros de pais para trocas, é possível também incentivar a economia, além de dar à criança a educação sobre a necessidade de evitar o desperdício”, comenta Piellusch.
O que a escola não pode pedir?
Além das escolas não poderem exigir a compra de marcas ou lojas específicas e nem impedirem os pais de reutilizar materiais em bons estados, um ponto de atenção é em relação à lista obrigatória. A Lei nº 12.886, de 26 de novembro de 2023, estabelece que é proibido pedir aos pais a compra de materiais de uso coletivo.
Sendo assim, não é permitida a exigência de compra de itens de uso comum, como produtos de higiene e limpeza, ou usados na área administrativa. “Os materiais de uso coletivo devem constar na mensalidade escolar, e as escolas não podem cobrar valor adicional justificado pela compra de itens de uso coletivo”, explica Piellusch.
O especialista orienta que, caso apareçam itens que os pais desconfiem ser de uso comum, como em uma situação de grandes quantidades de folhas de sulfite, os responsáveis podem pedir a justificativa, cabendo à escola explicar a destinação e finalidade do material.
A alta estimada pela ABFIAE (entre 7% a 9%) equivale ao dobro da inflação. No acumulado de 2023, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a variação dos preços no Brasil, ficou em 4,68%. Segundo Piellusch, só o caderno apresentou alta de 13,5% (quase o triplo da inflação) nos últimos 12 meses até novembro de 2023.
“A alta é justificada pelo aumento de preços das matérias primas, como papel e tinta, além da cotação do dólar, que oscilou ao longo do ano e encareceu o custo de aquisição de matérias primas e produtos importados”, explica o especialista.
Fonte: Adaptação Redação FIA – LABFIN.PROVAR
Matéria publicada na Revista EXAME – em 27 de janeiro de 2024