Nas últimas décadas, temos vivido profundas transformações em nossas dinâmicas de vida e trabalho. Com isso e diante de um mundo cuja palavra-chave passou a ser “incerteza”, o papel da liderança tem sido constantemente discutido. Quais seriam as características mais desejadas para os líderes do presente e do futuro? Ainda que não haja uma resposta definitiva para tal questão, a importância do autoconhecimento para a liderança nos dias de hoje parece estar se tornando um consenso no que diz respeito ao desenvolvimento de soluções criativas e produtivas para os desafios do aqui e agora.
“Se focássemos no mais importante e abríssemos espaços para o autoconhecimento, os potenciais floresceriam com mais facilidade e os resultados viriam como consequência”, acredita Izabela Mioto, sócia fundadora da Arquitetura RH, coaching e coordenadora da Pós-graduação em Gestão de Pessoas da FAAP.
Uma das participantes do nosso próximo webinar, Como a liderança pode influenciar nas decisões transformadoras?, Izabela conversou conosco a respeito do conceito de liderança transformativa.
Partindo de tal conceito, ela define um bom líder como aquele que, a partir do autoconhecimento, traz em si características como visão sistêmica e clareza sobre a interdependência, para, assim, promover o diálogo e a colaboração com as suas equipes.
Quer saber mais sobre o assunto? Confira abaixo a íntegra da conversa com Izabela e não deixe de se inscrever, antes ou depois da leitura deste artigo, em nosso webinar Como a liderança pode influenciar nas decisões transformadoras?
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Em linhas gerais, como você definiria o conceito de liderança transformativa? Na prática você acredita que tal conceito já vem sendo incorporado de modo abrangente nas organizações?
Liderança transformativa é quando o líder, a partir da gestão de si e de quem se torna diante do outro e dos fatos, é capaz de provocar, de forma consciente e atenciosa, uma transformação no contexto, contemplando a solução mais criativa, produtiva e transformativa para si, para o outro e para o todo, gerenciando a intenção e não se iludindo nas expectativas. A palavra “transformativa” evoca o empoderamento da ação e responsabilidade frente aos fatos e frente às escolhas/decisões. De maneira mais simples, é a capacidade de, ao tomar decisões, o líder encontrar o máximo de equilíbrio possível entre o que é bom para si, para os outros e para o contexto. O motor é o diálogo e a consequência são resultados sustentáveis e pessoas engajadas em um mesmo propósito.
Infelizmente, acredito que ainda não temos uma maioria de lideranças que vem incorporando essa prática. Sustento a minha resposta dizendo que a primeira barreira a ser vencida é a de que o líder tenha um bom autoconhecimento, saindo de um estado egóico para ampliar as suas percepções ao tomar decisão.
Muito se fala de um “novo normal” pós-pandemia. Com as transformações advindas com ele, acentua-se dentro e fora das corporações um sentimento de incerteza diante do futuro. Na sua opinião, quais seriam as principais soft skills necessárias para líderes e colaboradores enfrentarem com mais resiliência os desafios que já se impõem?
Nesse momento, precisaremos de muito diálogo para promover o pensamento criativo. Novas formas precisam ser “inventadas” e a junção e conexão de várias perspectivas poderão trazer soluções mais sustentáveis. Outra competência que precisa ser cada vez mais incorporada é a colaboração, pois não há mais espaços para a competição, que muitas vezes gera desgaste, perda de energia, sentimentos de baixa autoestima e adoecimento. Não é mais tempo de lideranças fazerem gestão por conflito. A capacidade de promover o diálogo também se faz importante — incluindo todas as vozes para gerar um significado e um propósito comum.
Diferentemente das hard skills, o desenvolvimento de competências emocionais nem sempre parece muito “palpável” para líderes e equipes. Que dicas você daria para os profissionais que desejam aprimorar suas soft skills?
Não terem receio de olhar para dentro, ampliando a percepção de suas emoções e do impacto que as suas atitudes geram. Gosto de pensar que quem “governa” as nossas ações, muitas vezes, são as nossas emoções. Por isso, desenvolver as habilidades da inteligência emocional é imprescindível. Encarem suas vulnerabilidades, pois, como cita Brené Brown a partir das suas pesquisas, assumir as nossas vulnerabilidades traz poder.
O que você identifica no mundo corporativo como principais empecilhos para “os saltos de consciência que transformam contextos” nos tempos atuais?
Eu reputo que ainda existem ambientes emocionalmente muito inseguros e isso vem da insegurança de algumas lideranças que, para se sentirem com poder e “fortes” frente aos outros, fomentam conflitos e fragmentam equipes. Sendo assim, ainda há pouco espaço para que as pessoas possam se “mostrar” como são, para falar de emoções, gerando mais facilidade na lida com eles e, consequentemente, mais fluxo para as ações que podem ser paralisadas por essas emoções.
Infelizmente, ainda temos a maioria dos contextos ainda focados demasiadamente no que é menos importante (resultados) em detrimento do mais importante (desenvolvimento do potencial das pessoas). Se focássemos no mais importante e abríssemos espaços para o autoconhecimento, os potenciais floresceriam com mais facilidade e os resultados viriam como consequência.
Quais os principais benefícios que você apontaria no uso do coaching para o desenvolvimento de lideranças transformativas?
Um processo de coaching é capaz de ajudar na ampliação de consciência ao fazer escolhas/tomar decisões. Auxiliaria na melhor compreensão de si, na melhoria da empatia e no entendimento das necessidades dos contextos em que a pessoa está inserida. Sendo assim, ao facilitar a consciência das escolhas, o benefício seria o de que o coachee amplia suas chances de “chegar em melhores lugares”.
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