O mercado financeiro tem uma linguagem própria, que não se limita apenas aos conceitos, técnicas e processos que ele abrange. Pelo contrário, os termos para alguns dos principais personagens que atuam nesse mercado, são bastante específicos e deixam confusas as pessoas que estão começando. Por exemplo, os operadores da bolsa podem ser chamados de broker, trader ou dealer, e cada um deles tem suas particularidades.
Neste artigo, vamos apresentar esses três operadores, destacando suas principais atividades e responsabilidades. Para quem pensa em trabalhar no mercado financeiro, conhecer esses termos é indispensável, já que eles farão parte do dia a dia, e também podem ajudar na escolha do caminho profissional a seguir. Descubra qual é a diferença entre broker, trader e dealer!
Entenda quem é o Broker
O termo Broker pode ser traduzido para corretor, embora esse termo não seja normalmente utilizado, já que no mercado financeiro existe uma figura chamada especificamente de “corretora”. De fato, o Broker é um dos profissionais que atuam dentro da corretora, na mesa de operações.
Seu papel é o de intermediário na realização das operações de compra e venda que os investidores, especialmente os investidores institucionais, pretendem realizar. Em situações nas quais o valor e o volume da transação são altos, a participação de um broker é indispensável. Ele assegura que o cliente consiga montar a posição pretendida, evitando que isso provoque distorções no preço do ativo.
Imagine que um fundo de investimentos deseja comprar ações de uma empresa, desembolsando o equivalente a R$10 milhões. Naturalmente, uma compra desse porte pode fazer com que o preço dessas ações dispare, pelo simples fato de haver uma pressão da demanda. O broker é o estrategista da operação, que organiza a compra para evitar que isso aconteça.
Em vista da importância desse profissional, ele é altamente valorizado – o que, naturalmente, se reflete em sua remuneração. Pesquisas apontam que o salário médio fica entre R$ 12 e R$ 50 mil por mês, além de bônus anuais que podem chegar ao equivalente a 10 salários.
Para ser um broker de sucesso, é preciso conhecer muito bem o produto financeiro negociado e o funcionamento do mercado. Também é preciso ser dinâmico, ter atitude e raciocínio lógico.
Entenda quem é o Trader
O Trader também é um profissional cujo objetivo é obter lucro realizando operações de curto prazo, a partir das variações do mercado financeiro. Isso significa que, mesmo quando o mercado está em queda, ou quando o preço de um ativo específico está em baixa, ele ainda consegue obter lucros.
Suponha que o Trader identifica uma tendência de queda no preço das ações da empresa A. Então, ele vai operar vendido, vender as ações hoje pelo preço atual, e recomprá-las depois, pelo preço menor. Assim, ele fica com os papéis e embolsa a diferença.
Um detalhe interessante é que o Trader pode ser funcionário de uma corretora, porém, é frequente que ele atue com recursos próprios. Nesse sentido, é um pouco diferente do Broker, que sempre atua em uma corretora.
Atuação em curto prazo
Quando o Trader atua com seus próprios recursos, geralmente não o chamamos de “investidor”. O investidor é aquele que busca acumular patrimônio com decisões de longo prazo.
O Trader atua no curto prazo, inclusive, existe o termo day-trade, que se refere às operações de curtíssimo prazo — o Trader compra e vende o ativo no mesmo dia, obtendo lucros até com as microvariações que ocorrem nesse período.
Os mais leigos no assunto parecem ter uma imagem negativa sobre o trabalho do Trader, justamente porque ele busca lucro em curto prazo. Porém, na realidade, os Traders desempenham um papel importante.
Eles colaboram para a liquidez no mercado financeiro, pois, como estão sempre comprando e vendendo, possibilitam que outros investidores encontrem a demanda ou oferta de que precisam para negociar, mesmo naqueles momentos em que o cenário parece negativo.
Assim como o Broker, o Trader precisa conhecer bem o mercado e o produto. No entanto, esse conhecimento tem um foco diferente, pois ele apenas organiza as operações, adotando um método conhecido como “análise técnica” para tomar suas decisões de investimento.
Em tese, não existe limite para o quanto um Trader pode ganhar. Seus lucros dependem apenas de quantos recursos eles têm para investir e da sua habilidade para tomar boas decisões de compra e venda, na hora certa. Porém, justamente por negociar com recursos próprios, estão sujeitos ao risco de sofrer perdas severas.
Entenda quem é o Dealer
Existe uma certa confusão em relação ao Dealer, pois o significado do termo é diferente nos EUA e no Brasil.
Em terras norte-americanas, o Dealer é o profissional que trabalha na corretora, recebendo os pedidos de compra e venda dos clientes, realizando essas operações. Ele não tem um trabalho tão estratégico quanto o Broker, nem chega a atuar como intermediário. Seu papel é ser um facilitador, de forma que os clientes mais ativos não precisam gastar tempo realizando suas próprias operações.
Imagine que um certo investidor deseja comprar 100 ações da empresa A assim que o preço ficar abaixo de R$ 15; comprar 50 ações da empresa B imediatamente, junto com opções de venda dessa empresa; vender todas as ações da empresa C assim que o preço subir 10%.
Essas três operações podem ser feitas pelo próprio investidor, usando um sistema informatizado conhecido como Home Broker. No entanto, ele vai economizar muito tempo se simplesmente repassar as ordens à corretora. Então, o Dealer é responsável por efetuá-las no momento certo.
Como é visto no mercado financeiro brasileiro
No Brasil, esse termo não é utilizado da mesma forma. Por aqui, o Dealer não é uma pessoa, mas uma instituição. Chamamos de Dealer as instituições credenciadas pelo Banco Central, para atuar como intermediário do próprio Bacen na compra e venda de títulos públicos.
O Banco Central emite títulos públicos, que são vendidos aos investidores e podem ser comprados de volta desses investidores. No entanto, essas transações não ocorrem de forma direta entre as duas partes. Em vez disso, existe um intermediário, que pode ser um banco ou outra instituição financeira credenciada.
Os critérios para que certa instituição seja credenciada como Dealer, são rigorosos. É preciso ter um patrimônio mínimo de referência, atender a certos padrões de conduta e não se enquadrar em nenhuma das hipóteses de restrição.
Existem, segundo informações da Anbima, até 12 vagas para instituições credenciadas, das quais duas são destinadas às corretoras ou distribuidoras independentes, isto é, que não façam parte de um conglomerado financeiro com instituição bancária.
Além dos Dealers de títulos públicos, existem também os de câmbio, que também são intermediários do Bacen, porém, na negociação de moedas estrangeiras. Eles desempenham um papel muito importante, associado ao controle das flutuações na valorização da moeda nacional. Portanto, eles são úteis para o exercício das políticas econômicas estabelecidas pelo Governo.
Comparando Broker, Trader e Dealer
Agora que você teve acesso a uma breve explicação sobre cada um deles, vamos comparar os conceitos de Broker, Trader e Dealer.
A primeira diferença entre os três é bastante óbvia — Broker e Trader são profissionais, enquanto Dealer, no Brasil, é uma instituição. Se você quiser considerar o sentido americano do termo, todos são profissionais, mas lembre-se de que cada um desempenha um papel diferente:
- Broker é quem organiza estrategicamente uma operação de grande porte;
- Dealer é quem efetiva a compra ou venda do ativo selecionado pelo cliente;
- Trader é quem analisa e seleciona ativos para gerar lucros com a compra ou venda em curto prazo.
Nas próximas diferenças, vamos trabalhar com o sentido americano de Dealer.
O Broker e o Dealer sempre trabalham para uma corretora, enquanto o Trader pode optar a seu favor. Muitas pessoas que desejam ganhar dinheiro com o mercado financeiro fazem um curso de análise técnica e começam a atuar como Traders, usando seus recursos financeiros. Nesse curso, aprendem a analisar os dados numéricos do preço dos ativos, a fim de identificar tendências de alta e baixa.
O Broker e o Dealer são apenas intermediários nas compras de outros investidores. Por outro lado, o Trader é intermediário quando trabalha dentro de uma corretora, além estar mais envolvido na escolha dos ativos e nas decisões de compra e venda dos outros dois.
Diferenças relevantes
Também há diferença na questão salarial. O Broker e o Dealer, como funcionários de corretora, têm um salário fixo e podem ganhar comissões por seu desempenho. O Trader que é funcionário de corretora também recebe dessa mesma forma. No entanto, se ele trabalha em interesse próprio, seus ganhos dependem do resultado de suas apostas de compra e venda.
Quem deseja trabalhar como Broker ou Dealer precisa ter um preparo formal para isso. Não é exigido ter uma graduação específica, mas as corretoras esperam que o profissional tenha certificações e cursos de especialização ligados ao mercado financeiro.
O Trader que trabalha em interesse próprio não precisa nada disso. Em teoria, qualquer um pode abrir conta em uma corretora e começar a ganhar dinheiro com trading. Obviamente, o preparo do indivíduo faz muita diferença em relação aos resultados que ele atinge.
Como escolher uma carreira
Como escolher entre as carreiras de Broker, Trader e Dealer? É preciso considerar suas expectativas profissionais, além do grau de preparo e expertise que cada uma dessas atividades exige.
Em teoria, um profissional no começo da carreira e com menos experiência em mercado financeiro, pode ter mais facilidade para ocupar o cargo de Dealer, executando as ordens de compra e venda recebida dos clientes. Isso não significa que esse trabalho seja menos importante, mas seu grau de complexidade é menor.
Além disso, cada um deles também exigir habilidades específicas diferentes. Por exemplo, o Broker não precisa dominar a análise técnica, que é um conhecimento essencial para o Trader.
Independentemente de qual carreira escolhida para começar, vale a pena notar que existe muita mobilidade para quem trabalha no mercado financeiro. Isso acontece porque essa é uma área na qual impera a meritocracia.
Em outras palavras, você pode dar o pontapé inicial da sua carreira como Dealer e, se demonstrar aptidão para trabalhar como Broker ou Trader, essa transição pode ser feita no futuro.
Conhecimento para atuar nesse mercado
O mercado financeiro é, sem dúvidas, uma das áreas de trabalho mais desafiadoras. Ele está sujeito a transformações que acontecem rapidamente. Por exemplo, diante do recente surto de Coronavírus, as bolsas de valores foram as primeiras a refletir incerteza, apresentando movimentos bruscos de queda.
Justamente por causa dessa complexidade, o que determina o sucesso profissional no mercado financeiro – seja como Broker, Trader, Dealer ou qualquer outra carreira – é o preparo individual. Mesmo que uma formação específica não seja requerida para a vaga, é altamente recomendável fazer uma pós-graduação em finanças.
Investindo em uma pós-graduação, você não apenas vai adquirir conhecimentos específicos úteis, mas também desenvolverá seu raciocínio crítico e fortalecer suas competências interpessoais, inclusive a construção de networking.
Tenha em vista que, em um ambiente como esse, você terá contato com outros profissionais, que podem formar sua rede de contatos e ajudá-lo a encontrar sua oportunidade ideal de trabalho.
Para completar, uma boa pós-graduação ajuda a fortalecer o currículo e aumentar sua competitividade em busca de vagas nas melhores instituições financeiras. Grandes corretoras recebem excelentes candidatos sempre que é aberta uma nova vaga na equipe.
Ter o nome de uma boa instituição de ensino superior no seu histórico, pode ser o diferencial para superar esses concorrentes.
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